Celulares turbinados de informação entram na mira de criminosos

Como proteger informações no celular

Fonte: Opice Blum, Bruno e Vainzof Advogados Associados

SEGURANÇA CIBERNÉTICA | “Quando um aparelho é roubado desbloqueado, fica mais fácil os bandidos violarem certas medidas de segurança ou redefinirem senhas de acesso”, disse o chairman e sócio-fundador do Opice Blum, Bruno e Vainzof Advogados Associados, Renato Opice Blum, em entrevista ao portal G1.

O advogado, que também é presidente da Associação Brasileira de Proteção de Dados (ABPDados), explicou que, para se prevenir em casos de roubo ou furto de smartphone, é importante tomar algumas medidas de segurança.

“É fundamental redobrar os cuidados com as configurações de segurança do celular e dos aplicativos. Isso porque o aparelho guarda muitas informações que podem permitir que os criminosos recuperem ou mudem senhas utilizando, por exemplo, dados armazenados em e-mails, redes sociais ou outras ferramentas disponíveis no smartphone”, afirmou.

Ainda segundo Opice Blum, “em tese, se o celular estiver bloqueado, com senha relativamente complexa e com atualização do sistema operacional, isso por si só já impediria ou deixaria muito difícil o acesso indevido”.

O advogado concluiu a entrevista ressaltando que, nos casos de furto ou roubo de celular, se o criminoso conseguir acesso ao aparelho, vai ter também acesso ao SMS da pessoa, muitas vezes ao e-mail e pode conseguir alterar as senhas ou receber a dupla autenticação para ingressar nos aplicativos”.

Acesse aqui a reportagem na íntegra.

Roubo de celular: veja 5 dicas para proteger informações financeiras

Roubos de celulares estão entre as principais preocupações de habitantes das capitais brasileiras. E hoje, além dos aparelhos custarem caro – um iPhone 13 Pro Max, por exemplo, é vendido por a partir de R$ 10.142, segundo o site da Apple – muitos criminosos buscam os smartphones como portas de entrada para acessar dados bancários das vítimas.

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Anchises Moraes, especialista em cibersegurança do C6 Bank, alerta que não é necessário esperar o pior acontecer para começar a pensar na segurança dos dados que estão nos aparelhos. Alguns cuidados simples ajudam a evitar problemas.

Veja abaixo 5 dicas do especialista para diminuir potenciais prejuízos e dores de cabeça caso o celular seja roubado ou furtado:

Não salve senhas importantes

Salvar senhas pode tornar a navegação do dia a dia mais simplificada. Porém, essa é uma dos grandes pontos de fragilidade de segurança.

Outro tipo de salvamento automático que se popularizou é o reconhecimento facial. Acessar contas de bancos com reconhecimento facial pode expor informações bancárias. Prefira o acesso via impressão digital.

Notifique o seu banco

Em caso de roubo, é importante notificar a instituição bancária através das centrais de atendimento.

Caso haja algum uso indevido ou fora do seu padrão de consumo, o banco já está preparado para bloquear cartões, transações ou compras possivelmente maliciosas.

Desabilite as notificações

Deixar as notificações habilitadas pode ser outro ponto de exposição da pessoa no momento do assalto. Dependendo do teor da conversa, o usuário do aparelhoexpõe dados importantes aos fraudadores – que podem se aproveitar da situação ou até da rede de contatos.

A dica é desabilitar notificações de forma que criminosos não possam acessar códigos de SMS para redefinir senhas ou contas nas redes sociais.

Ative a opção de localização

Esse é outro ponto pouco valorizado pelos usuários. Apps, como o 'Buscar meu iPhone' da Apple, podem auxiliar no resgate do aparelho após o roubo ou furto.

Sempre que possível, certifique que essa opção esteja habilitada.

Programe backups do aparelho

Para o especialista do C6, este é um dos passos mais importantes para proteger informações, mas é menosprezado por muitos usuários.

Os backups ajudam a manter os dados na nuvem, evitam perda de memórias importantes e tornam o resgate das informações mais simplificado em caso de roubo.

É importante analisar quantos dados você utiliza e manter uma rotina de backup periódicos em apps como iCloud, Google Drive, Google Fotos e WhatsApp.

Celulares turbinados de informação entram na mira de criminosos

São Paulo

Se você não conhece ninguém que tenha sido vítima de um golpe digital por meio de smartphone recentemente, é porque a vítima foi —ou será— você. A sensação de que vivemos uma epidemia de roubos de celulares e fraudes digitais se tornou comum em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o alvo de quadrilhas especializadas não é somente a qualidade do aparelho em si, mas o que ele contém: dados e senhas. Ou seja: acesso total à nossa vida pessoal e, claro, financeira.

Os casos são bastante expressivos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando as relações sociais foram majoritariamente transferidas para o ambiente online. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre o segundo semestre de 2020 e o primeiro de 2021, houve um crescimento de 165% nos golpes de engenharia social, aqueles que utilizam manipulação psicológica para a obtenção de dados confidenciais, como senhas de cartão de crédito.

As modalidades de fraude são inúmeras e não param de crescer, mas são ainda mais graves quando envolvem o roubo dos aparelhos. Isso porque o prejuízo material apenas começa na perda do telefone. Se antes saíamos de casa levando carteira, relógio e documentos, hoje é possível reunir tudo isso —​toda a nossa vida prática— num só dispositivo móvel. O que vem depois do furto pode se transformar num martírio para a vítima.

Foi o que aconteceu com Bruno de Paula, de 36 anos, cuja história viralizou no Twitter nas últimas semanas. Ao ter seu smartphone roubado quando estava dentro de um táxi, ele teve de enfrentar uma limpa nas suas contas bancárias que resultou na perda de mais de R$ 100 mil reais, mesmo tendo tomado providências básicas, como entrar em contato com as instituições financeiras e a operadora de celular das quais utilizava os serviços.

Os criminosos vasculharam por completo seu celular, conseguindo inclusive usar um cartão de crédito antigo cadastrado no iFood que Bruno esqueceu de cancelar, tamanho o nervosismo que toda a situação lhe causou. Também acessaram seu WhatsApp e tentaram contato com sua namorada. Após a ampla repercussão do caso, os bancos afirmaram que irão ressarcir Bruno.

Esse caso é bastante emblemático porque demonstra a proporção que a subtração de um celular pode causar na nossa vida. O desfecho foi satisfatório, mas além de todo o estresse causado, é sabido que há milhares de pessoas em situação parecida que provavelmente não terão a atenção necessária das empresas das quais são clientes.

No ano passado, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) de São Paulo chegou a se reunir com algumas empresas, como operadoras de celular, fabricantes de smartphones e bancos para debater possíveis caminhos para mitigar os efeitos desses crimes na vida dos usuários e clientes.

Enquanto não vemos mudanças substanciais que realmente protejam os consumidores, não há outra saída a não ser agir por conta própria. A digitalização das relações sociais e a realidade brasileira, somadas, nos obrigam a buscar procedimentos de segurança digital, já que ter mais de um telefone e sair de casa com o "celular do ladrão", termo difundido nas redes sociais para definir aparelhos antigos, que não causariam tanto prejuízo caso sejam furtados, não é possível para todos e todas.

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É necessária, portanto, uma dose de educação digital, para sabermos usar de forma mais segura e responsável os dispositivos ao nosso alcance. Assim, reforçar constantemente a segurança de aplicativos bancários com tokens, senhas e verificação de duas etapas, além de mantê-los atualizados, é o mínimo.

Especificamente no caso de senhas, é preciso que elas sejam fortes e aleatórias — não usar a mesma para tudo — e não salvá-las no telefone. O email para recuperá-las também não deve ser o mesmo cadastrado no aparelho, assim como não se deve deixar habilitado o envio de códigos de validação por SMS. Se você perder o celular, perde o acesso a tudo isso.

Parecem dicas simples, mas é comum nos darmos conta da importância delas apenas quando algo grave acontece. Buscar outras medidas de proteção de acordo com os serviços que utilizamos, tanto os bancários quanto os de telefonia, e procurar informações sobre novas modalidades de golpes devem ser hábitos profiláticos a serem incorporados na rotina. Quando grande parte do que nos importa está contido dentro de um pequeno aparelho, é necessário saber como protegê-lo e, por consequência, nos proteger.

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